07 junho 2007

Expedição Gaia Surf Tour Teahupoo - 2

O Tahiti é desafiador sendo necessário ter um kit primeiros socorros em caso de cortes provocados pelos corais (muito normal para quem vai surfar), queimaduras do sol, envenenamento raro por stone fish, Ox Nohu, são tipo uns peixes pedras que ficam camuflados na encosta, se pisar num pelo menos duas semanas de cama! O pessoal ainda fala de tubarões de 2m que ficam fora da barreira de corais, isto é no outside com os surfistas!! Mas aqui a vida marinha é enorme, difícil acontecer um ataque. O povo local gosta muito de Pit Bull, vi vários na ilha, e em Teahupoo é bom andar com pedras na mão pois várias pessoas já foram atacadas. Eu não dei sorte e no domingo, final do Trials, estava indo para o campeonato as 6h da manhã e fui atacada por 2 pit bulls. O dono viu tudo e não fez nada, cara pirado! Levei 2 mordidas, uma no braço e outra no tornozelo. Fiquei assustada, perdi o dia de filmagem, fui para o hospital e na polícia dar queixa contra o doidão! Não tive ferimentos graves e graças a Deus muitas pessoas me ajudaram, mas sem dúvida foi assustador. Depois tive que lidar com esse medo diariamente pois os Tahitianos tem muitos cachorros e alguns ficam soltos na estrada ou no caminho até o point.

Na 2˚ semana fiquei me recuperando do ataque e para minha sorte não teve onda e ficou 4 dias chovendo muito. Virei noticia nesses dias, “uma jornalista brasileira foi atacada por pit bulls”, tava toda enfaixada. O repórter da globo Regis Resing, que tem o apelido de alegria-alegria, sempre chegava levando o meu astral e perguntava” Ta tudo bem querida?” Bruno Lemos também me deu uma super-força emocionalmente, entre outras pessoas que me cumprimentavam... Percebi que aqui a energia é forte, como se fosse um lugar para lidar e superar os próprios medos... das ondas e de outras situações. Vi vários surfistas  do Brasil e da Austrália todos arrebentados do coral de Teahupoo, videomaker da ASP com o pé todo infeccionado. Sério muita gente sofrendo e feliz ao mesmo tempo, louco não? As marcas de corais pareciam até troféu para alguns surfistas e isso até me consolou um pouco.

O WCT começou na sexta, dia 4/05, fiquei o dia todo num iate onde a ASP faz as entrevistas. O mar não estava tão bom e eu me recuperando do braço atingido, que foi justamente o que eu uso para filmar.! Decidi observar muito  neste dia para ver o que fazer durante a produção do meu vídeo.

Na 3˚ semana não teve ondas e o campeonato ficou paralisado por 6 dias.  Esse período foi o ideal para fazer amigos e se familiarizar mais com o lugar. Aqui em Teahupoo os atletas e o pessoal de imprensa  ficam hospedados em pensões e casas de famílias. Fiquei na casa da família Philip por 20 dias. Encontrei mais brasileiros nesta casa, a bodyboarder Juliana Freitas e longboarder Marcela Duarte, ambas vindo do Hawaii e que voltaram para lá depois de 15 dias, o fotógrafo da Fluir Sebastian Rojas, que virou meu camarada, e o surfista Adriano de Sousa, sempre pilhado em aperfeiçoar seu surf e ainda um bodyboarder australiano e um americano kitesurfista. Na casa tinha duas refeições incluídas, o café e a janta, era muito legal quando o pessoal se reunia. Vários dias agente comeu poisson cru, peixe cru com saladas e molho de coco ou limão, muiiito bom! E tem outras comidas típicas muito diferentes, frutas, saladas e pratos saborosos.

Durante esses “days-off“ fiz umas entrevistas interessantes, com Cory Lopes, Occy, Pancho Sulivan, Victor Ribas, Taylor Inox, Bruno Santos, Bernado Pigmeu, um Tahitiano e o repórter do programa da ASP. Como não tinha onda o pessoal ia mergulhar, remar de caiaque ou de pé num longboard, e jogar futebol no estilo dos brasileiros ou australianos.  Rolou umas moquecas com Hinano, a cerveja local muito saborosa. Que é outra coisa que os surfistas australianos e brasileiros gostavam de fazer quando não tinha onda.

Reportagem para revista Fluir Girls julho 2007

Por Isabelle Nara


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