27 maio 2007

O que vc acha de não ter mais a etepa feminina no Tahiti em Teahupoo?

A etapa mais desafiante do tour WCT feminino foi tirada do calendário por tempo indeterminado veja o que os surfistas do WCT masculino acham dessas mudanças

Kelly Slater – Eu acho que Teahupoo muito especial, um lugar onde toda energia se concentra em um só pico. Acredito que algumas surfistas ficaram desapontadas de perder a etapa  numa das melhores ondas do mundo.

 Bruno Santos –Tahiti para mim é superação. É uma onda difícil e são poucas que surfam bem. Keala Kennely foi a que mais me impressionou com sua disposição para pegar tubos.

 Pancho Sullivan – é um onda que intimida muita gente, acho que algumas surfistas não estavam acostumadas com o drop tão intenso e vertical.

Bernado Pigmeu – Eu acho ruim não ter mais o feminino. Para quem é casado e já tem mulher não tem problema. Se tem elas fica aquele clima, elas trazem um brilho para o outside. E outra é que ia ser legal ver a Sil e a Jac nessas ondas.

Raoni Monteiro – É uma etapa perigosa, muita gente não gosta de surfar aqui. Pode ser que por um lado seja bom mas por outro ruim, é um bom pico para treinar tubos. Acho que não podia ter tirado além de ter outras ondas para surfar aqui.

Cory Lopes – Eu acho que a maioria delas gostou da decisão pois é um pico que quando fica grande a onda é muito perigosa com a bancada de reef tão rasa.

Rodrigo Dornelles – Até pra gente do WCT é perigoso, era uma ou outra que se jogava mais. Elas ficavam mais nos dias pequenos e nesse ano ia ser ruim pois não teve ondas nem para o WCT masculino.

ASP ESCLARECE O PORQUE DAS MUDANÇAS NO WCT FEMININO

Segundo a assessora de imprensa da ASP (Associção de Surf profissional) Melissa Buckley a etapa de Fiji saiu no feminino, e também no masculino, por questões politicas de mudança de governo. “A população fijiana está numa espécie de crise contra o atual líder da ilha, como uma guerra civil, então a ASP preferiu preservar a integridade e segurança dos surfistas”, disse Melissa.

Já no caso do Tahiti a etapa foi descartada pois a janela de espera da competição era muito curta para realizar o masculino e feminino juntos. Isso proporcionava as surfistas surfar em condições não muito boas pois os juízes davam a preferência dos melhores momentos aos homens.

Melissa comenta que a ASP não descartou a etapa e que no futuro pretende voltar com a competição no Tahiti só que separado, com um período de realização exclusivo para as meninas. Existem comentários de que saiu por que a etapa feminina é muito perigosa, com algumas surfistas com receio de Teahupoo, não dropando as ondas na bateria ou tomando vacas monstruosas...

 Por Isabelle Nara

23 maio 2007

WCT Feminino perde as ondas de Teahupoo e Fiji em 2007

O calendário de competições do WCT feminino sofreu algumas alterações em 2007. As etapas mais tradicionais e desafiantes dos últimos quatro anos, Fiji e Tahiti, saíram do tour. Deixando algumas surfistas desiludidas com a evolução do surf profissional, principalmente as mulheres que estavam aprendendo a surfar ondas perfeitas e perigosas.

 ENQUETE COM AS MELHORES SURFISTAS DO MUNDO

Layne Beachley, australiana 6x campeã mundial: “Em Fiji 2006 nós tivemos o melhor cloud break que jamais vimos! Boas condições e ótimas ondas com mais de 6 pés sólidos e as meninas surfando muito. Foi super importante para o surf feminino pois saímos bem na mídia, nas TVs e em revistas com imagens alucinantes mostrando o nosso verdadeiro surf. É isso que as meninas precisam para evoluir e crescer o surf. Todas nós estamos desapontadas de que não vamos mais ter Teahupoo e Fiji porque são ondas desafiantes e muito perfeitas, proporcionando um bom retorno de mídia. E eu amo muito surfar ondas grandes.”

Kealla Kennely, havaina e big rider: “Fiji estava muito perfeito em 2006, agente sempre deu sorte lá proporcionando tubos incríveis e acredito que é uma das melhores ondas do WCT. Sobre o Tahiti, eu acho terrível tirar do calendário pois era meu campeonato preferido. Nós precisamos daquela onda no tour por que era um dos desafios que tínhamos de enfrentar durante o ano. Isso fazia com que o nível do surf feminino evoluísse e agora eu sinto como que da uma parada, infelizmente é como ficar no mesmo patamar.”

Rebecca Woods, australiana: “Fiji foi um sonho no ano passado, dias com 8 pés sólidos com as meninas surfando muito. É um dos meus picos preferidos, amo muito surfar em Fiji é muito perfeito e lá também tem fundo de coral como no Tahiti. Em 2005 foi o meu 1˚ ano no wct e eu estava com muito medo de Teahupoo, por causa de tanto ouvir falar dessa onda. O lugar é maravilhoso, a onda tem muito poder. E por causa do evento masculino as nossas baterias eram quando o mar ficava menor e condições não muito agradáveis, ficávamos como uma reserva, não acho muito legal.”

 Sofia Mulanovich, peruana e campeã mundial de 2004: ”Teahupoo é uma onda muito exigente e perigosa mas é muito boa ao mesmo tempo. É uma onda diferente e que exige muito de qual quer surfista. É uma pena que não vai mais ter pois acredito que era uma onda muito interessante para nós. Acho que para ser campeã mundial tem que ser melhor em todas as ondas e acredito que Teahupoo é pode mostrar isso, o potencial de campeã.

Heather Clark, sul-africana: “Eu fiquei muito desapontada assim como acredito que a maioria das surfistas profissionais também ficaram pois é uma onda com muito potencial. É uma onda perigosa por causa do reef mas muitas meninas surfam muito bem e pegam altos tubos. Eu fiquei triste do Tahiti ter saído do calendário. Todos os anos que fomos para o Tahiti sempre teve dias muito grandes mas as meninas acabam ficando com os dias menores por dar preferência ao masculino, então não era tão ruim.”

Clarie Bevilacqua, australiana: “Tahiti é um sonho, é um ilha muito verde, as pessoas são muito amigáveis. Minha mãe q  viaja comigo no tour fica com receio quando as ondas estão grandes mas quando as condições estavam boas, mesmo com medo, ela me impulsionava em Teahupoo e era muito incrível quando eu passava as baterias. Acho boa onda para ganhar experiencia gosto de tubos e ondas perfeitas...”

Chelsea Hedges, australiana campeã mundial de 2005: “Eu acho que a billabong não tinha como fazer o campeonato junto com os homens então eles colocaram a etapa do Brasil no lugar do Tahiti. As ondas intimidam muitas surfistas, algumas competidoras não gostam enquanto outras amam. Eu acho que tem que rolar campeonatos em lugares onde todas estão amarradonas para surfar. Acho que em Teahupoo você pode pegar um dos melhores tubos da sua vida mas também se esfolar nos corais altamente cortantes. Então eu fico triste mas ao mesmo tempo feliz pois as vacas são sinistras!”

Jacqueline Silva, brasileira há mais de 10 anos nos mundiais: “Teahupoo é uma onda difícil, um drop muito vertical, tem que entrar entubando. Eu sou backside então acho que era mais difícil mas eu sempre me preparei muito para enfrentar a onda tanto fisicamente como mentalmente. O meu melhor resultado foi um 9˚ lugar, é um pointbreak desafiante. Algumas meninas não se dão muito bem na onda e outras conseguiam bons resultados.”

Rochelle Ballard, radicada no Havai e tub-rider: “Acho muito triste tirar teahupoo, era a onda que verdadeiramente inspirava as surfistas a ter suas melhores performances e expressar seus talentos. Essa onda separava as pessoas que tinham condições de desafia-la e as que não tinham. Eu me lembro quando começamos a alguns anos atrás e só algumas conseguiam realmente surfar o tubo e no decorrer dos anos fomos aprendendo a enfrenta-la. Agora sem esse campeonato não tem mais incentivo quem gostava de se jogar em ondas de Teahupoo. Isso é uma parte do surf feminino que vai se perder um pouco, mas sempre vão ter meninas que vão correr atrás de pegar tubos, pois isso é uma coisa que agente tem paixão. Para mim uma campeã mundial precisa saber pegar tubos, surfar ondas grandes e pequenas, pointbreaks, fazer drops cavados, todos os tipos de ondas. Não somente uma condição de surf.”

Por Isabelle Nara / Matéria publicada no site Waves.com.br