09 maio 2005

Materia Jornal, Windsurf Carioca de Cara Nova

A praia do Pepê é o palco de windsurfe há três décadas. Antes do glamour de mulheres bonitas, do show de futevôlei e da própria urbanização da orla com a ciclovia o pessoal já se reunia na busca da integração total da natureza com as técnicas humanas de velejo.
A guarderia de equipamentos de vela, que se localiza ao lado do quiosque do Pepê na Barra, passou por reformas durante o inicio do ano de 2005. A responsável pela valorização do windsurfe no Rio é a nova Associação Carioca de Windsurf (ACW), também regulamentada no inicio de 2005. Guto Brito pratica windsurf há mais de vinte anos e depois que descobriu o esporte não largou mais, agora esta na linha de frente do Wind carioca com a presidência da associação.
O windsurfe chegou no Estado na década de 70 através de pranchas importadas, na Lagoa de Marapendi e em Búsios. O esporte começou a ser praticado nas ondas do Rio, na praia do Pepê, pelos estrangeiros que encontravam as condições ideais para a prática da modalidade. A localização geográfica é perfeita para velejar de Wind através dos canais de ventos que formam entre as Ilhas da Tijuca e a Pedra da Gávea. Assim, devido aos ventos fortes, o local possibilita um grau maior de ousadia nas manobras radicais, como saltos.
A praia é considerada como uma das mais bem freqüentadas da cidade. Hoje, os velejadores são vítimas do próprio sucesso, sofrem com a praia lotada, que dificulta o acesso ao mar. Nos dias que há bons ventos a guarderia cria um caminho cercado por placas até o mar para os praticantes passarem com seus equipamentos. Segundo o Vice- presidente da ACW, Conrado Estrella, nem sempre é respeitado, algumas pessoas ficam no meio do caminho e ainda reclamam de passarem com as velas, que podem passar dos quatro metros de altura.
A praia cheia em frente a guarderia é devido ao movimento que o esporte criou nas décadas de 70 e 80. De acordo com o presidente da ACW, Guto Brito, dez anos depois que a praia começou a ser freqüentada pelos velejadores, é que o movimento nesta parte da praia da Barra não parou mais de crescer.
O surfista e amante dos ventos Pepê foi o pioneiro na época vendendo sanduíches e comidinhas naturais para os esportistas que marcavam presença na área. O esportista Pepê morreu vítima de um acidente de asa delta numa competição no Japão, hoje ele é homenageado com uma escultura e no nome na praia.
A reforma na guarderia durou dois meses teve um investimento de R$ 35 mil, patrocinados pela comunidade da vela e uma operadora de telefonia, além do apoio do Governo municipal. ACW criou um espaço para o esporte crescer e se desenvolver. A nova área tem capacidade para aumentar o numero de filiados possibilitando vagas para os praticantes guardarem seus equipamentos, sem precisar montar, desmontar e transportar toda vez que a praia apresenta boas condições de ventos. Oferece segurança, aulas para os iniciantes e avançados.
- O antigo responsável pela guarderia, Rio de Janeiro Windsurf Club (RJWC) trazia a idéia de acesso mais restrito, um clube particular, já com a associação podemos integrar toda a galera do windsurf fluminense. Diz o Presidente da ACW Guto Brito.
ACW tem o objetivo de ampliação geral do esporte, com desenvolvimento de competições estaduais, suporte técnico aos praticantes e aulas para os novos interessados. Visa beneficiar o maior número de pessoas e crescer com a modalidade em busca de reconhecimento, como uma associação de velejadores e flotilhas (vários tipos de barcos).
A associação tem 165 filiados, uma estimativa de 300 velejadores ativos no Rio e mais mil praticantes que se aventuram eventualmente. Em todo o Estado há um total de 1500 praticantes de Wind.
Associação também se preocupa com o meio ambiente, tendo um cuidado especial ao redor da área da guarderia, com a limpeza e a manutenção da praça. Dentro da guarderia um projeto de jardinagem, coqueiros, bromélias, plantas e a vegetação restinga que ajudam na beleza do lugar e no ciclo natural da praia.
- Um bem ao patrimônio público e um bom lugar para se freqüentar, diz Brito, que além de presidente da ACW foi o coordenador da reforma.
A população deu apoio total a reforma. A freqüentadora da praia e farmacêutica Luciana De Moraes, adorou o novo visual da guarderia.
– Eles mudaram bastante, ficou mais moderna e aconchegante para o pessoal. Sem as grades longas e com as flores e fotos. Eu gostei.
A primeira guarderia foi construída no final de 1995, com uma estrutura estilo havaiana. Em 1998 houve um acidente que provocou incêndio, gerando um grande prejuízo para os amantes deste esporte radical. Há histórias de atletas profissionais que perderam até cinco velas - equipamentos de alto custo para longa duração. Toda a comunidade do windsurfe ficou comovida com a tragédia. Como sendo um esporte de extremo desafio dentro do mar, fora do mar também é, os velejadores não desistiram e logo no mesmo ano foi construída uma nova guarderia, não tão adequada às necessidades de estrutura para eventos esportivos, mas que servia para dar suporte aos praticantes locais.
A reforma de 2005 é a terceira na área, investido em toda a área da jardinagem, na escola de windsurf, em fotos de atletas patrocinados em painéis, suporte técnico para os atletas, e jet sky, bote, bóias e juízes para as competições. ACW visa principalmente a expansão profissional com campeonatos regionais nas diferentes modalidades:
Fórmula: percurso de regata, com uma sessão longa, exigindo do atleta técnicas para orçar bem. Slalon: são regatas em forma de oito, com duas bóias, execução de jibe, em que o atleta vencedor é o que completa um número de voltas por primeiro. Wave competição nas ondas com pulos, manobras de pressão, pontuação para a melhor performance na onda e a maior onda surfada com radicalidade.Free Style competição de manobras, rodopio, base invertida, o free da criação do Wind, semelhança com o skate.
O primeiro evento promovido pela associação foi no começo de abril junto com a reinauguração da nova estrutura. A segunda etapa do campeonato carioca acontece nos dias 27 e 28 de agosto trazendo o melhor do wind surf para a cidade maravilhosa.
- A perspectiva para 2005 é muito boa, devido aos eventos que vamos promover durante o ano para divulgar o esporte e para evolução de atletas. – diz o vice presidente da ACW, Conrado Estrella.
A Associação também oferece uma estrutura de desenvolvimento de atletas que vão treinar para as seletivas de uma vaga no Pan do Rio. O ”pico” é freqüentado por cerca de 20 atletas de ponta, que entre as viagens e competições velejam na Barra contribuindo para a evolução do esporte.
Entre eles estão Kauli Seadi, campeão Mundial da etapa PWA Word Tour, Super X 2003, o campeão dos campeões, e fera do esporte desde criança. Atualmente é o segundo colocado no ranquing de 2005 na modalidade Free Style.
E o “fenômeno” carioca Ricardo Campello que é o velejador mais jovem da história do windsurf mundial a conquistar um campeonato. Aos 18 anos foi campeão mundial na modalidade Free Style. Começou a velejar com 14 anos e aos 17 já estava disputando o circuito mundial de windsurf (PWA).
Uma raridade no windsurf disse Conrado Estrella, pois a evolução neste esporte de pura técnica é muito lenta. Cada ano é um passo no esporte, é importante ter dedicação e estilo próprio para chegar na posição que esses dois atletas chegaram.