09 novembro 2004

Retrospectiva do surf em 2004

Cicuito petrobras de surf feminino. O sol reinou em todas as etapas deste ano.  Na 1° em Itamambuca no litoral paulista, a final teve predomínio de melhores notas nordestinas com Tita Tavares e Silvana Lima, quebrando nas ondinhas. Andréa Lopes e Suelen Naraíza e as duas cearenses fizerem uma final eletrizante com ondas de meio metrão. Silvana mandou um aéreo alucinante e tirou nota nove e meio, foi o primeiro aéreo acertado por uma mulher numa competição no Brasil. Mas a alegria 

de Silvana durou pouco, pois ela cometeu uma interferência, remou na prioridade de sua adversária que já tinha entrado na onda, e perdeu metade de sua segunda melhor nota. Tita aproveitou a ocasião e fez uma nota 7 finalizando em 1° lugar, se consagrando vitoriosa dessa etapa. Pouco antes da realização da 2° etapa do Petrobrás, a ASP (Associação de Surf Profissional) determinou que os atletas que disputam na divisão de elite do surf mundial, WCT, não poderiam mais participar de campeonatos nacionais da segunda divisão. A nordestina Tita não pode se inscrever em Alagoas, mas foi convidada a orientar a categoria grommets, com até 12 anos, durante as baterias. "Fico triste por não poder competir, mas por outro lado, comigo de fora, novas meninas podem mostrar seu surfe e, quem sabe, assim surgir um talento. Gostei muito de ser convidada para ser treinadora e está sendo uma experiência muito boa",
comenta Tita, vencedora da etapa em Ubatuba/SP.A final da etapa nordestina foi surpreendente com a carioca Brigite Mayer se classificando para a disputa. Há dois anos que a veterana do esporte com 35 anos não   competitivo prometeu dar trabalho as outras meninas na disputa pelo titulo da etapa. A nova geração tomou conta da final na praia do Francês com ondas mexidas de um metro. A surfista de Saquarema, RJ de apenas 19 anos, Tais de Almeida quebrou o domínio nordestino de vitórias no circuito e superou suas adversárias, pegou uma boa onda e virou a bateria nos últimos passando Suelen Naraíza que esta liderando até o momento. "Esse ano eu estou mais concentrada e querendo voltar a brigar pelos títulos. Fiquei muito feliz de virar a bateria no finalzinho. Sabia que a onda certa iria chegar. Agora o negócio é manter a ponta no Rio de Janeiro", falou a campeã.

Apesar da virada de Tais no finalzinho Suelen ficou satisfeita com o 2° lugar. "A Taís estava no lugar certo na hora certa, mas fiquei feliz com meu segundo lugar, que me mantém na briga pelo título do Circuito”, disse a vice-campeã da etapa. Juliana e Brigite ficaram em 3° e 4° lugares.

Juliana Guimarães é uma das atletas de maior destaque na categoria feminina, mora em Niterói e tem 24 anos. Cabelos e olhos castanhos, divertida e bem competitiva fazem parte desta surfista que esta entre as cinco melhores do Brasil. Juliana garantiu duas finais seguidas no Circuito Petrobrás de Surf Feminino e finalizou o ano em 5ª colocação no ranking brasileiro Super Surf. Neste ano do Super Surf fez uma semifinal na praia de Maresias e somou dois 5º lugares, em Pernambuco e Santa Catarina. Juliana tem no currículo dois vice-campeonatos brasileiros, em 1999 e 2001.Ela começou a competir como profissional em 98 e tem participações em etapas do Circuito Mundial WQS, nos Estados Unidos e na África do Sul. No free surf, já surfou as ondas do Havaí (duas vezes), México, Costa Rica e Panamá. Também já pegou ondas na Pororoca, em plena selva amazônica, no Rio Araguari.
A ultima etapa de 2004, em areias cariocas, foi show de surf no canto do recreio. Com a chegada de um bom swell, ondulação, as surfistas desfrutaram da perfeição de ondas com um metro e meio de pura adrenalina. Mesmo com ondas fortes a galeria das iniciantes e o restante das categorias entraram no mar mostrando o surf no pé e no coração. Com o sol marcando presença junto com o publico que vibrava a cada bateria o fechamento do circuito foi um sucesso. A cearense Silvana Lima, bicampeã do Circuito, não conseguiu assegurar o tricampeonato, mas faturou a última etapa em uma final bastante disputada com as cariocas Taís de Almeida e Juliana Guimarães e a catarinense Juliana Quint. Silvana conseguiu pela primeira vez uma onda nota 10 e levou ao delírio o torcida presente na praia. "Foi a primeira nota dez de toda minha vida e estou muito feliz com isso. Consegui achar as ondas certas e mostrar o meu surfe", diz Silvana, que ficou comAlmeida, que apesar de ficar em terceiro lugaracumulou mais pontos durante toda a competição: 3928 pontos contra 3790 de Silvana Lima. A catarinense Juliana Quint ficou em segundo lugar na grande final e a niteroiense Juliana Guimarães completou o pódio em quarto lugar.  "Estou muito feliz por este título. Eu fiquei muito tranqüila durante o campeonato. Na final eu não consegui achar as ondas, mas o que importa é que venci o circuito", diz Taís que foi a campeã da etapa da praia do Francês (AL) e ficou em sétimo lugar em Ubatuba (SP).

Quando se chega na praia durante uma competição dessas, a magia feminina se manifesta com amplitude pelo ar. Varias meninas com suas pranchas, se protegendo do forte calor em baixo do guarda sol, observando torcendo, vibrando e prestando atenção na locução com as notas e curtindo o momento com um surf music na beira da praia de frente pro mar. Meninas de todas as idades com biquínis, laycra ou sleve ( roupa de borracha), cabelos presos ou soltos, sorrisos e a alegria de confraternizar estes momentos únicos na história do surf competição feminino do Brasil. O circuito é mais que um incentivo ao esporte, é a descoberta de novos talentos, o aprimoramento das já consagradas profissionais, um desafio superado a cada etapa realizada que fazem dos seus organizadores os mais vitoriosos.

O alto nível das meninas durante as competições, a essência de ser mulher, fazem da Alá Feminina do surf um esporte que deve ser consagrado como todo o prestigio por parte da mídia, a torcida, as próprias atletas e dos realizadores destes grandes eventos. O amor a esse esporte que esta em expansão pelo Brasil.