15 setembro 2008

Stand Up Surfing a nova onda do Hawaii


As brasileiras Andrea Moler e Maria Souza ganharam o título mundial no Molokai Race 2008. A prova exige que o atleta reme em pé um trajeto de 52 milhas, de 5 a 8 horas, no canal de Kaiwi, que divide as ilhas de Molokai e Oahu, no Hawaii. A cada 10 Km, a dupla se reveza até completar o percurso. O stand Up é uma modalidade de surf praticada em pé com o uso de remos. O equipamento se resume a uma prancha com boa flutuabilidade e um remo, esta modalidade de surf está começando a se difundir no Brasil e já conta com diversos adeptos. O esporte sem dúvida é muito saudável pois trabalha todos os músculos do corpo e o equilíbrio. Antigamente os havaianos já utilizavam o stand up, deitados sobre as pranchas eles remavam para se locomoverem de uma ilha à outra. Depois de algumas adaptações realizadas passou a ser utilizado como lazer e esporte. Bruno Lemos esteve no evento e conta como a sua experiência: O que essas duas garotas estão fazendo é realmente o que poderíamos considerar como algo realmente "extreme". Atravessar o canal de Molokai não é para qualquer um não, e principalmente em pé em cima de uma prancha, coisa de louco! Para quem não sabe foi exatamente nesse canal que Eddie Aikau* desapareceu. Sem dúvidas o Kaiwi Channel não é brincadeira e esse travessia que há alguns anos é patrocinada pela quiksilver é considerada como Campeonato Mundial de Remada. No inicio, apenas o pessoal que rema deitado fazia a travessia mas depois que o stand up reapareceu no Hawaii. Alguns bem aventurados tiveram a ousadia de desafiar essas 52 milhas de águas agitadas. Entre os pioneiros dessa façanha, apenas alguns dos Water Mans mais casca grossa do mundo: Brian Keaulana e Archy Kalepa. Desde o início, Andréa Moler e Maria Souza estavam lá com esses caras. As brasileiras da Ilha de Maui, são bem conhecidas e respeitadas nesse meio. Elas são verdadeiras Water Womans e provaram isso mais uma vez esse ano ao chegarem disparado na frente da categoria feminino. Garantindo o título mundial desse ano da Molkai Race e conseguiram ficar com a sétima colocação geral no stand up entre quase 40 times que competiram esse ano. "Sem dúvidas esse foi o ano que mais teve times de stand up, lembro que a primeira vez que fizemos eram apenas 3 times. Fico feliz de ver que várias meninas também se escreveram, pois sempre competimos contra os homes", desabafa Maria de Souza depois da prova desse ano. As duas moram em Maui e são mães de famílias. Segundo Andréa Moler não foi fácil conseguir tempo para se manter em forma "apesar da nossa rotina diária, trabalho, casa, marido e filhos, nós conseguimos treinar para essa prova. Seria muito imprudente participar dessa competição sem treinar”. Para mim, que acompanhei de perto a performance das duas, posso falar com segurança que fiquei impressionado com a técnica e com o preparo das duas. No meio de um oceano muito agitado com ondas vindo de todos os lados e muito vento, não vi a Andréa cair nenhuma vez da prancha. Já a Maria escorregou apenas 2 vezes "acho que foi porque um pouco do protetor solar caiu no deck da prancha e ficou meio escorregadio", comentou Maria. Mas mesmo assim elas remaram muito bem. Andréa foi quem iniciou a corrida em Molokai e a primeira troca acontesceu 30 mim depois da largada, depois disso elas trocavam a cada 15 mim. Um barco de apoio ia ao lado com um gps trasando a linha e orientando as meninas, enquanto uma remava a outra descansa no barco. "A manha é você conseguir surfar o maior número de "bumps" possíveis" explica Andrea. "Isso porque quanto mais ondas você surfar menos força você estará fazendo e mais rápido você chega do outro lado". E foi exatamente essa estratégia que funcionou para elas. As duas surfaram sem parar e depois de 6 hs e 30mim Maria estava chegando na praia de Anahina em Oahu. Onde houve uma grade fesa para a entrega de prêmios. Muita gente bonita se alegrava ao som de Mel Pu'u e sua banda sem dúvidas um evento que celebra e promove a cultura havaiana”.

*Surfista de ondas grandes, tornou-se um dos primeiros salva-vidas do North Shore. Em março de 78: “Eddie Aikau integrou a tripulação do catamarã Hokulea, em sua segunda expedição rumo ao Tahiti. Refazendo as antigas rotas de navegação dos polinésios, o Hokulea viajava sem instrumentos de navegação e demais recursos tecnológicos, guiado somente pelas estrelas, como os antepassados.
O Hokulea partiu no dia 16 de março e, por uma série de coincidências infelizes, adernou durante a madrugada entre as ilhas de Lanai e Molokai. Seus tripulantes ficaram quase 24 horas agarrados ao casco do barco, empurrados por ondas de 15 pés e ventos de 35 mph em direção ao oceano, sem ter como pedir ajuda. Às 10h30 do dia 17, quando as esperanças de resgate diminuíam à medida que o barco se afastava da rota dos aviões comerciais, Eddie partiu com sua prancha em busca de ajuda na Ilha de Lanai, cerca de 20 milhas de distância. Os náufragos foram avistados por um avião de turistas japoneses ao entardecer, e resgatados de helicóptero uma hora depois. As buscas por Eddie duraram quatro dias, mas corpo e prancha jamais foram encontrados”. Trecho do livro Eddie would go - The story of Eddie Aikau, hawaiian hero and pioneer of bigwave surfing, de Stuart Holmes Coleman.

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